quarta-feira, 5 de maio de 2010

Antes tarde.

- Eu não te entendo.
- Eu nunca disse que era fácil..
Ele apoiou as mãos na cabeça e se jogou no sofá.
Eu continei sentada.
- É.. não é.
O silêncio tomou conta da sala, da televisão, dos gatos.
Alguma coisa fez barulho na rua e silenciou em seguida, também.
- É como eu sou. Às vezes, eu corro na direção do que quero. Em outras, corro na direção contrária.
- E o que você quer agora?
Pareceu óbvio pra mim, mas pra ele, com certeza, não era.
- Eu não quero nada. - eu disse, me retorcendo por dentro.
Ele levantou, pegou a chave e abriu a porta pra ir embora.
Eu sabia que mais um gole de cerveja me faria ligar pra ele menos de cinco minutos depois.
A porta bateu e ficou nada resolvido.
Não tinha o que resolver.
Era a minha vontade e a dele, batendo de frente.
Vontades não se resolvem, cada um tem a sua.
Pensei em quantas vontades eu passei, em quantas oportunidades eu já perdi.
Olhei pro celular.. pensei uma, duas, três vezes.
Me joguei, de lado, e apoiei a cabeça nas almofadas.
Olhei pro celular, mais uma vez, esperando tocar.
Não tocou.
E o sono veio me salvar.
-

Três pontinhos.

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